REABILITAÇÃO DA IGREJA DE PEROVISEU - FUNDÃO

ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
A Igreja Matriz de Peroviseu, localiza-se na freguesia com o mesmo nome, no concelho do Fundão e distrito de Castelo Branco.
Freguesia situada a 12 quilómetros da cidade do Fundão e a 16 da Covilhã, já na estrada que conduz a Penamacor, a sua origem remonta a séculos e da sua história faz parte o nome de Pêro da Covilhã, de quem se presume ter-lhe tomado o nome. De facto, é convicção de que Pêro da Covilhã (também de Viseu) aqui viveu algum tempo antes de partir em busca de Prestes João. Daí ter ficado este ponto de referência: - Sítio do Pêro de Viseu, mais tarde Peroviseu.
“Do Meal Redondo ao Penedo Frade”
“Peroviseu, a aldeia nascida há séculos no sopé da Serra do Meal Redondo, por baixo do «PENEDO FRADE».


CARACTERIZAÇÃO ARQUITECTÓNICA
A Igreja Matriz de Peroviseu, também designada de Nossa Senhora da Conceição, localiza-se na povoação e freguesia com o mesmo nome, no concelho de Fundão.
O edifício é composto por dois volumes, um horizontal e outro vertical, que se complementam:
- No primeiro, horizontal, desenvolve-se o espaço Igreja, constituído por planta longitudinal de uma só nave, capela-mor, sacristia, anexo e baptistério.
- No segundo volume, isolado, e de disposição vertical, ergue-se a torre sineira.

Este conjunto religioso, apresenta volumes rebocados, pintados de branco, com embasamento em granito, com cobertura em telhado de duas águas na nave e capela-mor, e de uma água nos restantes volumes.

ALÇADO POENTE
A fachada principal voltada a poente é limitada por pilastras em granito com aparelho isódomo, coroadas por pináculos.
Ao centro, o portal em arco abatido encimado por frontão interrompido e óculo.
Remate da fachada em empena com cornija e rematada superiormente por cruz latina.

ALÇADO SUL
A fachada sul apresenta dois panos de parede, correspondentes ao volume da nave e capela-mor, limitados por pilastras com aparelho almofadado, coroadas por pináculos.
O volume da nave tem, ao centro, portal em arco abatido, encimado por frontão ladeado por duas janelas de rampa.
A capela-mor é iluminada por três janelas com o mesmo perfil das restantes.
Toda a fachada é rematada com um beiral e cornija em granito.

ALÇADO NASCENTE

A fachada nascente, apresenta-se cega, com dois panos de parede correspondentes ao volume da capela-mor e sacristia, limitados por pilastras com aparelho almofadado.
O remate em empena, com cornija em granito na capela-mor.

ALÇADO NORTE
A fachada norte é constituída por três panos de parede, limitados por pilastras com aparelho almofadado.
No volume da sacristia, o alçado compõe-se por uma porta e duas janelas de rampa, com remate superior em cornija e beiral.
O anexo, construção recente, apresenta uma porta, e onde se localiza o baptistério, uma janela apenas com remate em beiral.


No que diz respeito ao volume, designado por torre sineira, este é limitado por pilastras, com aparelho almofadado, coroadas por pináculos.
Os vãos apresentam um desenho de lintéis em arco perfeito com impostas salientes.

INTERIOR DA IGREJA
O interior da igreja é de nave única, com piso em lajeado de granito e soalho.
O tecto é abobadado em falsa abobada de berço em madeira.
O coro-alto é em madeira suportado por duas colunas em granito e guarda -vento em madeira.
No lado do Evangelho, sob o coro-alto, localiza-se a Pia Baptismal.
Ainda no mesmo lado, encontra-se um púlpito com baldaquino, suportado por mísula de pedra.
Nas paredes laterais da nave, e antes da capela-mor estão dois altares.
A entrada da capela-mor, é constituída por um arco triunfal em arco perfeito, com impostas salientes e vestígios de pintura, ladeado por dois retábulos de talha dourada.
O piso da Capela-mor é em lajeado de granito, e tecto abobadado em berço, com caixotões com pinturas.
O retábulo-mor é em talha dourada do estilo nacional.
Toda a estatuária é de estilo barroco.

ANÁLISE DA SITUAÇÃO EXISTENTE
Edifício de referência no concelho do Fundão e de grande valor, não só arquitectónico, que marcou o século dezassete nesta região do país, como também artístico, destacando-se a estatuária barroca e os retábulos em talha dourada, apresenta um estado de degradação avançado que, conjuntamente com as diversas intervenções de manutenção descuidadas realizadas no edifício, deformaram e descaracterizaram o conjunto arquitectónico, no que diz respeito ao seu desenho e volumetria originais.
No exterior, a nível volumétrico, é de salientar os anexo que foram adossados na fachada norte, solução que surge para ampliar a área da sacristia e para outras actividades, criar um espaço próprio para o baptistério, e ainda a acessibilidade ao coro-alto, esta através de uma escada desproporcionada. Este novo volume que se projecta até aos topos nascente e poente (frente da fachada principal da Igreja), será contudo o elemento negativo mais dissonante.
Quanto ao estado de conservação da construção, esta requer uma necessidade urgente de intervenção, não só para recuperar o que de errado foi executado, substituir pontualmente pormenores constructivos degradados, mas também para salvaguardar a própria segurança do edifício e a de todos quanto o utilizam ou querem visitar.
Assim é premente a substituição de tudo o que se refere a carpintarias dos vãos exteriores, em avançado estado de degradação, arranjo pontual da cobertura, substituição dos pavimentos interiores de soalho e igualmente a recuperação de carpintaria interior, portas, armários, guarda-vento e coro-alto.
As paredes exteriores existentes têm que ser todas verificadas, e nos locais onde se propõe a recuperação dos volumes originais deverão ser executadas paredes novas. No interior há necessidade de substituir os rebocos, pois os panos de parede apresentam significativos desempenos que urge corrigir, estanhar e pintar convenientemente todo o interior, com especial cuidado para os frescos e pintura decorativa sobre pedra.

Especial atenção surge no estado caótico de toda a instalação eléctrica e a sua sob dimensão, o que coloca todo este património em risco, já que apurada foi a eventual deflagração de incêndio provocada por estas deficiências.

Foi ainda objecto de reparo o”enclausuramento”, do edifício face a toda a área urbana envolvente, consequência de inúmeras intervenções ao longo dos tempos que procuraram resolver a diferença altimétrica entre o adro da Igreja e toda área envolvente. Soluções estas que passaram pela elevação de muros e canteiros, cujo desenho em nada favorecem a leitura do conjunto edificado como, inclusive condicionam fisicamente a sua vivência.


PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
A presente proposta de intervenção enquadra-se num objectivo mais abrangente, que se pretende concretizar a longo prazo, pois das dificuldades financeiras da Fábrica da Igreja de Peroviseu exigem a opção de prioridades sociais. No entanto, entendeu-se que o desenvolvimento do projecto de Arquitectura, no que diz respeito à sua concepção deveria ser interpretado num todo, incluindo, não só, o edifício Igreja, mas também toda a área envolvente e que é pertença da paróquia.

A totalidade da obra pretende realizar-se em fases distintas, a curto prazo que visa essencialmente, responder de imediato às necessidades de conservação e segurança do edifício, procurando enquadramento financeiro através desta Candidatura ao Programa de Equipamentos, Sub-programa Nº2, do Ministério das Cidades, Ordenamento do Território e Ambinte.

FASEAMENTO DOS TRABALHOS A REALIZAR
Assim os trabalhos que estão previstos nesta fase, e que correspondem a esta Candidatura são os que se passam a descrever:
1. Substituição do soalho existente da igreja:
1.1. desmontagem do soalho;
1.2. regularização da superfície com argamassa
1.3. fixação do ripado de pinho tratado
1.4. aplicação de sistema de pavimento radiante, através de cabo térmico, sob poliuretano projectado com 30 mm de espessura,
1.5. réguas maciças de madeira de 22 mm de espessura com as dimensões mínimas de 0,11x 3 metros, do tipo afizélia devidamente tratada.
1.6. aplicação de verniz para alto desgaste.
2. Execução de soalho tradicional, no volume destinado ao espaço museológico;
3. Execução de soalho no coro-alto e grade de protecção;
4. Aplicação de roda-pé, na igreja em madeira maciça de afizélia com a altura de 15 cm;
5. Aplicação de painel de contraplacado de madeira folheado a afizélia assente sob ripado de madeira do mesmo tipo, por forma a revestir toda a superfície de azulejo, remate com travamento/tafife em madeira maciça também de afizélia;
6. Execução de todas as portas exteriores, em madeira maciça do tipo afizélia ou equivalente, com ferragens de segurança e recuperação de todos os puxadores originais;
7. Execução de janelas para aplicação de vitrais, de acordo com o pormenor existente;
8. Execução do guarda-vento em estrutura metálica para revestir a mármore branco do tipo Estremoz, e portas de madeira maciça de afizélia ou equivalente;
9. Recuperação das portas interiores e suas ferragens, respeitando o seu desenho e pormenores de execução;
10. Reparação e recuperação de todos os armários embutidos nas paredes.
11. O tecto da nave em abobada em madeira de castanho, será para reparar pontualmente e impermeabilizar com verniz de regularização e protecção.
12. Reparação do mobiliário existente na nave da igreja.
13. Desempeno das paredes interiores da nave da igreja, capela-mor, sacristia e do espaço museológico de arte sacra, devidamente estanhadas e pintadas.
14. No que diz respeito aos trabalhos de construção civil, destaque para:
14.1. Demolição dos anexos da fachada norte junto da sacristia e o acesso ao coro-alto;
14.2. Recuperação da escada original de acesso ao piso do coro, localizada no interior da parede do lado do Evangelho, conforme representação nas peças desenhadas. (situação já verificada no local)
14.3. Reformulação do antigo espaço – baptistério como memória histórica. Demolição do volume, que no exterior se apresenta como anexo. Mantém-se, no interior, o arco em granito com a respectiva pia baptismal da época, sem a grade de protecção.
14.4. Execução de duas instalações sanitárias, uma a localizar dentro da sacristia, e a segunda para público no espaço museológico. Ambas constituídas por lavatório e bacia sifónica. A executar em parede de alvenaria simples devidamente revestida, no interior a pedra mármore Estremoz até a altura de 2,10m, e no exterior a painel de contraplacado marítimo de afizélia sob estrutura de ripado. No caso da instalação sanitária da sacristia esta apresenta uma altura máxima de 2,50 metros, respeitado a leitura total do tecto de madeira em caixotões com algumas pinturas a recuperar numa fase final da obra, face às suas características artísticas.
15. Ao nível das infra-estruturas eléctricas para o interior do edifício é de prever a montagem das seguintes instalações:
- Instalação de iluminação e tomadas
- Sistema de detecção e alarme de incêndio
- Sistema de detecção e alarme de intrusão


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